Começar com a cara e a coragem, sozinho… uma má ideia.

Quando eu comecei escrever, eu imaginei as palavras fluindo, a história se desenrolando sem esforço em minha cabeça, como em um filme. Porém, logo a realidade me deu um banho de água fria um monte de pensamentos do tipo “Mauricio, você não sabe o que está fazendo”.

Ao iniciar a escrita do meu primeiro livro, em 2021, o romance de ficção ‘A roda e a medalha’, eu percebi que precisava de muita pesquisa, além de sentar e escrever, pois o livro é um drama histórico cujo enredo se desenrola na Itália, entre os anos 1873 e 1899. O problema era que eu ainda dividia o meu tempo com o trabalho como Consultor de Tecnologia, o que limitava o tempo que eu tinha disponível. E, como eu comecei a usar este escasso tempo com pesquisa, passava semanas, às vezes mais de um mês, sem escrever uma linha do livro. E quando finalmente sentava para retomar, tinha que voltar ao início, reler, relembrar cada detalhe, tentar pegar o ‘fio da meada’ de novo. E olha que eu só tinha dois capítulos escritos! Imagine como seria tentar montar um quebra-cabeça gigante de 300 páginas, mas perdendo as peças a cada vez que eu me afastasse dele.

Foi aí que a ficha caiu. Não era só sentar e esperar a inspiração chegar. Estava me faltando técnica. A ideia de que escrever um livro era apenas uma questão de ‘sentar e escrever’ foi pro ralo. Comecei a pesquisar livros sobre escrita, artigos na internet, tudo que pudesse me dar um norte. E a conclusão foi clara: Eu precisava de uma estratégia de capacitação para Escritor.

Essa percepção me fez dar um passo atrás, e a escrita do romance ficou em stand-by por um tempo. Percebi que, como em qualquer profissão, era necessário investir em aprendizado e conhecer as técnicas do ofício de escritor, antes de me aventurar a sério. Sei que há escritores que conseguem “sentar e escrever”, consideram que o ofício é uma arte (e, de fato, é) e arte vem da alma. Mas, acredito que, para a maioria dos escritores, não é bem assim. Pelo menos, para mim não é. Sim, escrever é uma arte. Como também a música e a pintura, para ficar apenas em dois exemplos óbvios. Então, vamos fazer uma reflexão. Para ser um músico, você não terá de estudar [muito] e aprender as complexas técnicas musicais? E um pintor, não precisa, também estudar os tipos de material, telas, tintas, técnicas de desenho, perspectiva, cores… E, se um músico ou pintor precisam dominar técnicas, um escritor também precisa.

Com essa clareza em minha mente, eu mergulhei na busca de artigos, livros, sites e cursos específicos para escritores, e essa foi uma das melhores decisões que tomei. 

 

Guias para a Jornada

Uma ajuda que, no início, me foi muito útil, foi a série de livros “Guia do Escritor de Ficção” do Bruno Crispin, que eu tinha acesso em minha assinatura Kindle Unlimited, na Amazon. Li quase todos, entre eles “Estilo e Reescrita”, “10 erros do escritor iniciante”, “Enredo e personagem”. Outro autor que me ajudou nesse início de carreira foi Eldes Saulo, com sua série “Livros que vendem”, que me abriram (um pouco) os olhos para a realidade do mercado literário.

Essas ajudas me deram um norte. Contudo, eu me dei conta de que era pouco e comecei a pesquisar mais. Nessa pesquisa, me deparei com uma joia, um tesouro para qualquer escritor. O livro “O Herói de Mil Faces” (The Hero with a Thousand Faces) escrito pelo professor de literatura e mitólogo americano Joseph Campbell, em 1949. Campbell identificou uma “jornada do herói” arquetípico, que é compartilhada por quase todas as mitologias mundiais. Desde a publicação de “O Herói de Mil Faces”, as teorias de Campbell foram aplicadas por uma grande variedade de escritores e roteiristas de cinema modernos, incluindo os filmes de maior sucesso de bilheteria. Consegui uma cópia digital do livro “The Hero with a Thousand Faces” (em inglês), pois a edição não existe mais para venda.

Confesso que a leitura é árdua, mas vale a pena.

Indo mais a fundo, encontrei outro livro que é uma joia para escritores: “A Jornada do Escritor” (The Writer’s Journey),do roteirista Christopher Vogler, onde ele simplificou e organizou os estágios da “jornada do herói” originalmente propostos por Joseph Campbell. Este livro, de fato, foi um guia valioso na minha escrita de “A roda e a medalha”. Vou explicar porque no próximo artigo mas, para encerrar este aqui tenho uma sugestão, dessas que a gente guarda para os melhores amigos:

Caso você seja um aspirante a escritor e está começando essa jornada, antes de se aventurar em algo maior, como um romance que vai exigir fôlego e estrutura, ou um livro de não ficção, que vai exigir pesquisa e conhecimento, capacite-se ! Dedique tempo para aprender as bases, as ferramentas e os ‘macetes’ da escrita. Pode parecer um desvio no caminho, mas garanto que é a direção mais segura para transformar seu sonho em um livro de verdade. Acredite em mim, a sua história e a sua carreira vão agradecer.

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